O poder da educação!
Quando eu e minha ex-esposa tivemos
a nossa filha, Nívea, a maior preocupação que tínhamos era com a educação que
iriamos dar. Eu queria algo diferente do que recebi dos meus pais, menos
correção e mais amor, com muita conversa. E essa também era a ideia da mãe de
Nívea.
Então, à medida que ela ia
crescendo, íamos corrigindo e ensinando. Sim, de vez em quando tinha um tapinha
na bunda ou na mão, mas nada comparado ao que eu tinha quando aprontava das
minhas peraltices infantis (ou juvenis). O mais importante era que ao corrigir
a nossa filha, conversávamos com ela, discutíamos o que ela tinha feito e que não
era para fazer novamente, simplesmente porque era errado. E ela compreendia.
Ela sempre foi muito arredia e
cheia de energia, o que acarretava algumas peraltices, e terminava no cantinho
voltado para a parede.
Ensinamos a nossa pequena filha que
falar palavrão era errado, xingar era errado e com alegria posso dizer que,
hoje, aos 13 anos, ela não fala palavrão (ao menos na minha frente – porque ela
sabe o que vai acontecer – sem games, sem TV ou internet). Também ensinamos que
era preciso ter paciência para conseguir as coisas que ela queria. Isso incluía
brinquedos.
Meu salário não era muito grande
naquela época (melhorou um pouco agora) e então sempre falávamos que não era
para ficar pedindo tudo o que via pela frente, eu só poderia comprar o que
estivesse em minhas condições.
Lembro uma vez, em um shopping de
Brasília, já separado de sua mãe, ela quis entrar em uma loja de brinquedos. Eu
olhei para ela e candidamente me disse que não era para eu ficar preocupado,
pois só iria olhar, não pediria nada. O que de fato aconteceu. Olhou todos os
brinquedos, achou bonito, legal, mas não me pediu nenhum, só argumentou que
quando eu tivesse condições iria comprar para ela. É claro que isso me encheu
de orgulho. Quantas vezes nós vimos crianças fazendo birra em lojas para que os
pais comprem o que elas querem.
Nivea nunca fez birra, nunca caiu
no chão gritando que queria alguma coisa, nem ficava chorando.
E sim, ela teve brinquedos. Muitos.
Inclusive Barbie. Mas, tudo na hora certa. Sem ela ficar pressionando.
Outra vez, na mesma época, em outro
shopping, o Park Shopping, também em Brasília, nós tínhamos acabado de brincar
no mini-golfe e descíamos as escadas quando ela desceu correndo. Quando eu
cheguei ao final da escada não a vi. Fiquei preocupado, claro, mas sabia que
era apenas uma brincadeira dela. Por fim, toda sorrindo, ela veio ao meu
encontro, dizendo que tinha me enganado. Peguei a mãozinha dela, deu um leve tapinha
e disse bem baixo para que nunca mais fizesse aquilo, que seria um perigo, se não
fosse o pai, fosse outra pessoa que estivesse com ela, esta pessoa poderia
ficar apavorada e chamar até os seguranças. E também disse que ao ficar
sozinha, uma pessoa má poderia leva-la e nunca mais iria ver os pais.
Dito isso, Nivea chorou como se
tivesse apanhado de cinto. Ela sabia que havia errado, tanto que quando fui ao
banco tirar um extrato, sem que eu mandasse, ela mesma foi em direção a uma
parede e se ajoelhou, de frente à mesma.
Isso mostra o quanto ela foi bem
ensinada. Que sabia o que era certo e o errado. E sabia que tinha feito o
errado. Claro que depois nós nos divertimos muito no shopping, mas ficou a
lição.
Também fizemos questão sempre de
ensinar à nossa filha que tivesse respeito pelos mais velhos, que dissesse obrigado
quando recebesse alguma coisa e por favor quando quisesse algo. As famosas
palavrinhas mágicas. Lembro de um episódio em que eu pedi a ela um corpo de
água e ela ficou esperando. Quando perguntei porque não havia ido ainda pegar a
água ela simplesmente me disse que estava aguardando as palavras mágicas. Filhos
também ensinam a gente.
Enfim, os pais precisam ensinar os
filhos para que esses sejam adultos responsáveis e que, por sua vez, ensinem
aos seus filhos e assim teremos um mundo melhor no futuro. É em casa que têm as
primeiras lições do certo e do errado, do respeito, da tolerância.
Pais, não esqueçam que filhos não é
só fazer, mas cuidar e ensinar para o resto da vida. Mesmo adultos sempre vão
precisar de nós.
Antonio Henrique Fernandes
Capitão deste Navio Errante.
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