LURDINHA.
Hoje quero falar de uma vizinha e amiga de nome LURDINHA. Do
mesmo jeito que eu a vi crescer e se tornar uma mulher muito bonita, ela me viu
crescer e me tornar adolescente. Não. Ela não foi meu amor de adolescência.
Esse papel coube a outras, inclusive uma irmã dela, de nome Daniela.
Durante sete anos fomos vizinhos de casas coladas uma a
outra, e apesar de ela ser um ano mais velha do que eu, tinha mais experiência
e lembro com carinho uma viagem que nós fizemos a Brasília e ela foi junto. Foram
momentos muito bons.
Este ano completa 28 anos que ela foi vítima de um acidente
estúpido, provocado por um criminoso que fugia da polícia. A moto em que ela
vinha, não me recordo se era com o namorado, bateu de frente com o carro em
fuga e ela foi lançada para longe, batendo com a cabeça no asfalto e sofrendo
traumatismo craniano. Morreu instantes depois, no colo da irmã, Daniela, que
vinha com o noivo em um carro logo atrás.
Infelizmente, na época, eu e minha família já não éramos mais
vizinhos dela e só fiquei sabendo porque, estudando à noite, após a
apresentação oficial do alistamento militar fui visitar amigos na escola, no
período da manhã. Alguém falou sobre o acidente e sobre a morte dela. Isso me
chocou e imediatamente fui na casa dela e confirmei a tragédia. Avisei depois a
minha família que compareceu também no velório.
Mas por que estou falando dela?
Porque sempre me lembro dela. Antes de ela morrer havia se
mudado para o Acre e estava trabalhando, feliz da vida, e em uma visita que fiz
na casa de um amigo, também casa ao lado da dela, Lurdinha me viu e foi
correndo me abraçar, e conversamos muito. E lembro que na época, acho que na
casa dela ou alguém próximo estava ouvindo uma música do Rick Astley, Never
gonna give you up. Foi a última vez que a vi, viva.
Outra música que sempre me faz lembrar de Lurdinha é o
Astronauta de Mármore, da banda Nenhum de Nós, que estava o maior sucesso e
tocava em todas as rádios. Minha mãe sempre lembra que Lurdinha fazia a faxina
da casa ouvindo essa música, no volume máximo.
Procuro não lembrar da Lurdinha de forma triste, em seu
velório, mas sim como a menina linda que era, cheia de vida e planos para o
futuro.
Tinha apenas 19 anos quando morreu. Mas sempre vive em minhas
recordações.
Antonio Henrique Fernandes
Capitão deste Navio Errante.
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