Acho que eu tinha uns três ou quatro anos de idade, não me lembro direito. Só sei que tive um problema na perna direita, acredito em decorrência de uma queda. Nessa época morávamos na cidade de Guajará Mirim – RO e começo dos anos setenta, então a medicina e os hospitais não eram como nos dias de hoje.
O problema foi se agravando a ponto de eu não poder mais andar, então fui internado no hospital da cidade, mas mesmo com os exames os médicos não conseguiram identificar o problema. Depois de um tempo internado (acredito que aproximadamente um mês ou quase isso) fui transferido para a capital, Porto Velho, onde fizeram mais uma bateria de exames para tentar identificar a doença. Eu era muito novo, mas lembro bem das visitas que meus pais faziam principalmente minha mãe.
Nesse período ainda não ficavam os parentes dormindo com o paciente. Então eu ficava muito triste quando minha mãe ia embora e eu ficava sozinho no hospital. Eu não era maltratado, mas uma ocasião eu fiz xixi na cama e demoraram a trocar os lençóis e isso acabou por causar uma ferida nas minhas costas (ainda carrego uma lembrança disso). O que me animava era um radinho que pertencia à minha mãe e que deixaram ficar comigo, assim eu podia ouvir todas as músicas que eu gostava (apesar de que um menino de três ou quatro anos e ainda mais naquela época não tinha muita opção).
Também foi ali que comecei a gostar de histórias em quadrinhos, pois minha mãe ou minha tia liam revistinhas da Disney pra mim. Também comecei eu mesmo ficar olhando as figuras – isso fez com que eu aprendesse a ler mais rapidamente – e era um problema porque não podia ficar folheando por causa do soro no braço. Mas eu era teimoso e fazia assim mesmo.
Meus pais disseram que eu estava tão magro que pra conseguirem achar uma veia em mim tiveram que procurar no corpo inteiro. Ainda hoje guardo marca até de que colocaram soro no meu pé esquerdo.
Bom, enfim descobriram o que eu tinha – OSTEOMIOLITE – uma infecção que acontece no osso. E isso estava me atacando bem na junção do fêmur com o quadril. O médico do hospital São José, que hoje não existe mais, falou para meus pais que eu tinha duas opções: Manaus ou Goiânia. Meu pai era Perito Criminal e ganhava até bem, mas teve que vender muita coisa e contar com ajuda para comprar as passagens de avião.
A cidade escolhida foi Goiânia, onde tinham os melhores médicos. O dinheiro só deu pra comprar três passagens, mas como eu ia em cima de um colchão pequeno acabei usando duas poltronas, e assim minha mãe não pôde viajar.
Para a viagem tive que engessar o pé direito do dedão até o umbigo para ficar completamente imobilizado. Chegando a Goiânia, por falta de vaga no hospital infantil acabei parando no Hospital das Clínicas. Para evitar que eu dormisse encolhido os médicos enfiaram um objeto de metal atravessando cada joelho e com corda uniram a dois pesos para que mantivessem os pés esticados.
A operação foi marcada e no dia, me sedaram e colocaram em uma maca. Evidentemente que não recordo de nada. Mas eu lembro de que depois da operação vi que tinha uma sutura de oito pontos enormes próximo à virilha, lado direito e quando me deram alta engessaram o pé direito e colocaram um pedaço de pau, para que isso evitasse eu colocar o pé no chão.
Acabei me recuperando bem e apenas tive que reaprender a andar. Ainda hoje não posso fazer exageros com a perna direita, pois ainda dói um pouco no local onde foi realizada a cirurgia.
Dessa experiência toda ficou o trauma de hospitais, agulhas e dormir de costas (coisa que não consigo mesmo). E fico feliz, por ter me recuperado e ficado curado, afinal, lembro que na mesma época uma garota teve um problema parecido e amputaram a perna dela.
Sou um cara de sorte.
O problema foi se agravando a ponto de eu não poder mais andar, então fui internado no hospital da cidade, mas mesmo com os exames os médicos não conseguiram identificar o problema. Depois de um tempo internado (acredito que aproximadamente um mês ou quase isso) fui transferido para a capital, Porto Velho, onde fizeram mais uma bateria de exames para tentar identificar a doença. Eu era muito novo, mas lembro bem das visitas que meus pais faziam principalmente minha mãe.
Nesse período ainda não ficavam os parentes dormindo com o paciente. Então eu ficava muito triste quando minha mãe ia embora e eu ficava sozinho no hospital. Eu não era maltratado, mas uma ocasião eu fiz xixi na cama e demoraram a trocar os lençóis e isso acabou por causar uma ferida nas minhas costas (ainda carrego uma lembrança disso). O que me animava era um radinho que pertencia à minha mãe e que deixaram ficar comigo, assim eu podia ouvir todas as músicas que eu gostava (apesar de que um menino de três ou quatro anos e ainda mais naquela época não tinha muita opção).
Também foi ali que comecei a gostar de histórias em quadrinhos, pois minha mãe ou minha tia liam revistinhas da Disney pra mim. Também comecei eu mesmo ficar olhando as figuras – isso fez com que eu aprendesse a ler mais rapidamente – e era um problema porque não podia ficar folheando por causa do soro no braço. Mas eu era teimoso e fazia assim mesmo.
Meus pais disseram que eu estava tão magro que pra conseguirem achar uma veia em mim tiveram que procurar no corpo inteiro. Ainda hoje guardo marca até de que colocaram soro no meu pé esquerdo.
Bom, enfim descobriram o que eu tinha – OSTEOMIOLITE – uma infecção que acontece no osso. E isso estava me atacando bem na junção do fêmur com o quadril. O médico do hospital São José, que hoje não existe mais, falou para meus pais que eu tinha duas opções: Manaus ou Goiânia. Meu pai era Perito Criminal e ganhava até bem, mas teve que vender muita coisa e contar com ajuda para comprar as passagens de avião.
A cidade escolhida foi Goiânia, onde tinham os melhores médicos. O dinheiro só deu pra comprar três passagens, mas como eu ia em cima de um colchão pequeno acabei usando duas poltronas, e assim minha mãe não pôde viajar.
Para a viagem tive que engessar o pé direito do dedão até o umbigo para ficar completamente imobilizado. Chegando a Goiânia, por falta de vaga no hospital infantil acabei parando no Hospital das Clínicas. Para evitar que eu dormisse encolhido os médicos enfiaram um objeto de metal atravessando cada joelho e com corda uniram a dois pesos para que mantivessem os pés esticados.
A operação foi marcada e no dia, me sedaram e colocaram em uma maca. Evidentemente que não recordo de nada. Mas eu lembro de que depois da operação vi que tinha uma sutura de oito pontos enormes próximo à virilha, lado direito e quando me deram alta engessaram o pé direito e colocaram um pedaço de pau, para que isso evitasse eu colocar o pé no chão.
Acabei me recuperando bem e apenas tive que reaprender a andar. Ainda hoje não posso fazer exageros com a perna direita, pois ainda dói um pouco no local onde foi realizada a cirurgia.
Dessa experiência toda ficou o trauma de hospitais, agulhas e dormir de costas (coisa que não consigo mesmo). E fico feliz, por ter me recuperado e ficado curado, afinal, lembro que na mesma época uma garota teve um problema parecido e amputaram a perna dela.
Sou um cara de sorte.
Nossa, que história!
ResponderExcluirComo eu trabalho em um hospital, vejo bastante gente com alguns traumas envolvendo médicos, procedimentos e até mesmo os quartos onde ficam.
bjs
www.confraria-cultural.com
Pois é Alessandra,
Excluirapesar do trauma, isso não me impede de ir a hospitais ou levar agulhadas hehehe. até tive uma namorada enfermeira.
bjs
Olá
ResponderExcluirQue parada complicada. Ainda bem que não passei por situações assim, porque sem ter passado já tenho fobia de médicos e dentistas kkkk.
Abraços
estantejovem.blogspot.com.br
Olá Paulo,
Excluirfoi uma situação realmente complicada, mas que passei com coragem e determinação. apesar que hospital nao seria meu local preferido kkkk.
um abraço
Nossa, rapaz... Que história. E o mais legal é que, embora tenham ficado alguns traumas, você consegue compreender a origem delas e se sentir com sorte de que tudo tenha dado certo. Eu espero que, um dia, possa vir a superar essas limitações e que não precise fazer isso numa situação que exija tal coragem.
ResponderExcluirAbraço!
http://www.myqueenside.blogspot.com
Oi Francine,
Excluiro melhor desse tipo de situação é que vc aprende a lutar contra. não me deixei ser vencido. apesar de alguns traumas, isso não impede que eu vá a um hospital ou que corra de alguma vacina.
bjs
Oi Antonio, tudo bem?
ResponderExcluirFiquei com o coração apertado quando disse a sua idade na época e depois quando relatou que sua mãe não podia ficar junto de você e depois quando ela não pode fazer a viagem. Nossa, eu iria chorar muito. Você foi muito corajoso e lhe admiro por olhar para trás e enxergar que você teve sorte. Não conheço sua religião, mas independentemente dela, eu não usaria a palavra "sorte", Deus sorriu para você e lhe ajudou.
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/
Oi Cila,
ExcluirDeus tem muito disso, Ele me segurou em suas mãos e me protegeu. Claro que sou um cara de sorte, mas sem Ele, talvez não tivesse ficado tão bom. E foram momentos muito difíceis.
bjs
Um relato impressinante. Que sorte mesmo você teve, afinal, sair curado de algo tão sério é um milagre, graças ao bom Deus que você esta bem! Que seja sempre bem de saúde!
ResponderExcluirBeijos.
www.daimaginacaoaescrita.com
Obrigado Sammysam,
Excluirtirando uma alergia que não me sai de resto estou bem hehehe.
bjs
Antonio que fase complicada hein para você e seus pais , mas graças a Deus passou e deu tudo certo, e nesse turbilhão ganhou o gosto pela leitura. E vemos que só temos a agradecer a Deus por nossas vitórias . abraços
ResponderExcluirJoyce
www.livrosencantos.com
Oi Joyce,
ExcluirCom certeza, graças a Deus deu tudo certo.
bjs
Oi, Antonio! Agradeço muito a Deus por nunca nesta minha vida ter ficado doente a ponto de ir parar no hospital, pois acho aquele lugar deprimente e não suporto o cheiro. Cada um vê de uma forma, eu sei.
ResponderExcluirÉ realmente triste saber que muitos obrigam o paciente a ficar sozinho
Beijos
www.amorliterario.com
oi Fê,
Excluirnaquela época era política do hospital, hoje já se aceita acompanhante, mas antes não era assim não. e não gosto de hospital, definitivamente.
bjs
CRENDEUSPAI Antonio. Eu morro de medo de agulhas e tento ao máximo passar longe dos hospitais, só vou em casos extremos. :/
ResponderExcluirMas com criança, o negócio é mais tenso ainda né? :/
Pois é Pamela, agora imagine quando a gente é criança e tem que levar agulhada todos os dias.. bem complicado. por isso não gosto nem de hospital e agulhas...
Excluirbjs
Nossa, que história triste :/
ResponderExcluirFiquei pasmada em saber, que nessa época, crianças de 3 anos ficavam sozinhas no hospital Ö que absurdo isso!
Com certeza você é muito abençoado por ter passado por tudo isso! Mesmo ficando o trauma!
Beijos, Kamila
www.vicio-de-leitura.com
Kamila, nessa época realmente não ficavam acompanhantes nos hospitais, entao era um sufoco, e ficou o trauma, mas enfrente um hospital se for preciso hehehe.
Excluirbjs
Nossa, que história em? E como assim,deixar uma criança de 3 anos sozinha?
ResponderExcluirEu acabei de passar por uma trauma, minha pequena ficou quase desacordada de tão fraquinha por ter contraído uma infecção no estômago e isso deixou ela com o mesmo super inchado, ela ficou dois dias internada,com soro na veia e glicose a todo vapor, quase deu coisa pior..e eu não me imagino indo embora e a deixando sozinha,misericórdia...isso foi a uma semana e graças a Deus ela melhorou, agora é só acompanhar.
E graças a Deus vc ficou bem e com sua perna, Deus sempre protege os pequenos.
bjs
Simeia, nessa época não ficava acompanhante nos hospitais, mesmo onde eu estava. e Graças a Deus que fiquei bom. ficaram poucas sequelas.
Excluirbjs
Nossa Antônio, que barra. Não entendo como naquela época as mães não podiam ficar com seus filhos, isso deve ter te traumatizado demais, pois além de doente passava uma parte do dia só.
ResponderExcluirFiquei com dó do pequeno Antônio.
Ainda bem que se recuperou, mesmo ainda sentindo um pouco a perna.
Bjs
Mi, era coisa da época mesmo... não podiam ficar acompanhantes no hospital, então quem cuidava eram as enfermeiras e mesmo assim era difícil. a perna ainda doí um pouco, mas é melhor isso que não tê-la né.
Excluirbjs
Nossa!!!!!!!!!!!! Antonio! Ainda bem no final deu tudo certo, vc realmente é um cara de sorte, eu tenho medo, não traumas, de hospital, e agulhas. Imagino como deve ser difícil para você, quando precisa ir em um hospital e tal!
ResponderExcluirDemais o texto, e muito legal conhecer mais um pouquinho da sua história! Beijinhos
Paulinha,
Excluircom certeza sou um cara de sorte. hoje consigo enfrentar um hospital, mas já houve época que era muito difícil entrar em um hospital.
ah, obrigado pelo elogio
bjs