6º Capítulo
...
No dia seguinte, Saperas e Silliê se reuniram com seu comando
militar e se inteiraram do que estava acontecendo no reino de Rollan.
- Meu Senhor, pelas minhas informações, o Príncipe Rollan
está usando seus maiores cientistas para construir obras de guerra. Eu vi
alguns esboços que trouxeram para mim e posso afirmar que são grandes máquinas.
Nós não temos como parar aquilo.
- Muito bem... Mesmo que meu amigo tenha perdido
aparentemente a razão por motivos sentimentais, eu não vou encarar uma luta de
frente. Procure os nossos cientistas. Quero idéias para anular essas máquinas
de Rollan.
E assim todos os cientistas do reino de Saperas foram
reunidos, com a ordem de conseguir derrubar o intento de Rollan, sem
derramamento de sangue, se possível.
- Meu amor, estou preocupada. Nunca pensei que fosse
presenciar uma guerra neste nosso planeta... Sempre convivemos em paz e agora...
Isso. Acho que deveria ter aceitado o pedido de Rollan. Afirmou Silliê.
- Minha amada, o que está feito está feito. Não adianta dizer
que teria sido melhor. Nós fizemos o que achamos melhor e o certo. O que temos
que fazer é levar Rollan à razão. Ele é nosso amigo... E temos que mostrar a
ele que não queremos guerra e que o amamos. E vamos fazer isso sem derramar
sangue... Ao menos tentar.
Logo os maiores temores foram levados a termo. Máquinas de
guerra eram vistas em treinamento em locais ermos e barulhos de tiros e bombas
eram ouvidos em grandes distâncias. Rollan testava assim sua operação de
guerra.
Enquanto isso os cientistas de Saperas trabalham
incansavelmente para tentar encontrar um modo de inviabilizar os iminentes
ataques, sem causar prejuízos a ambos os reinos, do jeito que pedira seu
príncipe.
Aquele mundo estava prestes a presenciar algo até então nunca
visto. Uma guerra. Uma guerra iniciada por causa de uma mulher. Mesmo que
indiretamente. Um coração partido, um orgulho ferido. Uma honra a ser lavada...
Com sangue.
Os povos, as aldeias, principalmente as mais próximas dos
dois reinos estavam em polvorosa, temiam que essa guerra insana, a primeira em
séculos, terminasse por ser a última também. Temiam que o mundo não
sobrevivesse a essa catástrofe.
Torgos, a aldeia de origem de Silliê, é claro, ficou do lado
da agora princesa da Casa do Tordo, afinal, ela ainda era a líder deles, depois
da morte do pai dela, Suliá. Alguns dos sábios foram levados para a corte.
Nesta hora tão necessitada seriam de grande ajuda.
Silliê olhava a tudo muito triste. E a todo instante pensava
que teria sido melhor se tivesse aceitado a oferta de casamento de Rollan.
Sabia que Saperas não iria ter o mesmo temperamento de seu amigo. Aceitaria.
Mesmo ficando triste.
- Sei o que deve estar pensando. Disse Saperas quando a viu
na sacada do palácio, pensativa e olhando para o horizonte, completamente
ausente. – Que deveria ter aceitado o pedido de casamento de Rollan.
- Hoje não haveria guerra. Não haveria riscos para os dois
reinos e para as aldeias que vivem neste mundo. Meu amor, deve haver um jeito
de acabar com essa insanidade. Disse Silliê, olhando triste para Saperas.
- E há. Respondeu o príncipe. Acredito que os nossos
cientistas conseguiram algo. E vamos tentar usar isso a nosso favor.
- Soube por meus sábios que Rollan já está em marcha de
guerra. Está passando por várias aldeias e aquelas que não estão do lado dele,
ou apenas neutras ele está chamando todos os homens adultos e fortes para
entrar no seu exército. E os que não aceitam o chamado ele manda prender para
depois condenar por traição. Disse triste Silliê.
- Sim. Meus generais me confirmaram isso. Vamos ter
esperanças que até ele chegar aqui as coisas mudem. Pode ser que ele consiga
esfriar a cabeça e desista.
Ambos percebiam também que Rollan não atacava nenhuma vila ou
aldeia. Não houve destruição até aquele momento. No fundo achava que com esse
poder de fogo poderia convencer Silliê a ainda aceitar a ele. O que era inútil,
pois ela já estava casada com Saperas. E nada ia mudar isso.
continua...
Antonio Henrique Fernandes
Autor e Capitão deste Navio Errante.
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