O REINO DO CETRO - Capítulo Cinco - Casa Real Travis

Capítulo CINCO

Casa Real Travis

E

stava amanhecendo. As primeiras luzes da manhã estavam chegando. Tudo estava calmo. Tanto no palácio quanto nos povoados ao redor as pessoas aos poucos estavam perto de acordar e recomeçar mais um dia. Os guardas do palácio aguardavam tranquilamente os seus companheiros aparecerem para a troca da guarda e do turno. Em um determinado local do palácio a mesma coisa ocorria. Guardas aguardavam ansiosamente serem rendidos para descansarem.

No entanto, no interior do palácio, cinco indivíduos entraram furtivamente e se dirigiram para uma determinada sala. A Sala de Troféus estava vazia, apenas um soldado fazia a sua segurança e não foi empecilho para os cinco. Um dos indivíduos se aproximou devagar e sem fazer barulho por trás do soldado. Muito veloz ele com uma mão tapou a boca do soldado e com a outra, fazendo aparecer rapidamente um punhal, espetou nas costas do pobre rapaz, de baixo para cima, alcançando o coração, causando morte imediata. Morte limpa e rápida. Três dos cinco pegaram o corpo do soldado morto e esconderam por detrás de uma cortina. Sabiam que não tinham muito tempo, logo chegariam outros soldados e então entraram no imenso salão.

Entre troféus, armaduras e armas, havia uma estatueta simples, de barro, em forma de um soldado segurando um cajado. A estátua não tinha mais que 30 cm de altura. Apesar de ser de barro era toda trabalhada e perfeita. Contornos perfeitos de um soldado, com sua armadura. Provavelmente uma pequena homenagem àqueles que guardam o palácio.

Apesar de ser uma estátua pequena e aparentemente sem valor, foi exatamente esse objeto que os infiltrados levaram. E sem fazer qualquer ruído, minutos depois estavam fora do palácio, montados em cavalos, já se dirigindo para uma pequena espaçonave escondida por detrás de uma colina.

Não tardou e o soldado que fora fazer a troca da guarda chegou à sala de Troféus, e achou estranho não encontrar seu colega ali posicionado, como sempre.

“Tem alguma coisa errada. O Ran nunca saiu de seu lugar antes de ser rendido”. – pensou o soldado.

- Ran?! Ran?! Onde está você? – chamou.

Sem resposta entrou na Sala de Troféus, pensando em encontrar ali o seu amigo. Nada. A sala estava totalmente vazia. Notou que havia algo estranho, mas não tinha atinado ainda o que poderia ser, pois a sua preocupação estava toda voltada para o soldado Ran.

Saiu da sala e quando começou uma busca percebeu que havia um volume maior por detrás de uma das cortinas do corredor. Rapidamente se dirigiu para o local e percebeu com horror que seu amigo estava ali. Não havia muito sangue porque o assassino não retirara o punhal. Isso fez com que o sangue ficasse estancado, saindo muito pouco. Foi providencial para que não houvesse muito sangue espalhado e não os alarmasse antes do tempo.

Imediatamente após encontrar seu amigo, o soldado deu o alarme.

Minutos depois todo o palácio estava em polvorosa, chocados com o assassinato do soldado, coisa que não acontecia há muito tempo. E só depois de algum tempo é que o Rei Linus perguntou se fora apenas um assassinato ou alguém havia entrado para levar alguma coisa de valor.

- Alteza, depois que tiramos o corpo do pobre soldado de onde ele foi encontrado eu fiz um levantamento no local e na Sala de Troféus. Nada de valor fora subtraído, notei apenas a falta de uma simples estatueta que ficava naquela sala. – respondeu o chefe da guarda.

- E como era essa estatueta? – perguntou aflito o rei. O seu grão mestre e mago estava do lado, igualmente receoso.

- Senhor, era uma estatueta simples, representava um soldado com sua armadura e segurava um cajado. – respondeu o soldado.

Lorde Linus deu uma olhada para o seu grão mestre. Ambos trocaram olhares aflitos. Só os dois sabiam que aquela pequena estátua era mais do que aparentava. E mais aflitos ficaram pelo fato de alguém mais saber do que se tratava e tivesse a ousadia de entrar em um palácio e levar o objeto de seu interior, a despeito da pouca segurança. Pequenos delitos aconteciam naquele reino distante, mas ninguém nunca tinha entrado no palácio, subtraído algum objeto e saído sem deixar praticamente algum vestígio, além do soldado morto.

- Muito bem. – disse por fim o rei. – Que a família do soldado morto receba toda a ajuda necessária e que ele seja enterrado com honras de guerra. Nada menos. E mande seus soldados aos arredores e aos povoados próximos. Pode ser que tenham visto algo estranho. Diferente. E quanto tiver notícias, me avise.

- Sim Senhor. Alteza. – disse o velho soldado, saindo encurvado.

- Temos que avisar Demetrides. – disse virando-se para o seu grão mestre e mago. - Não pode ser coincidência. Alguém SABE.

- Sim. Com certeza. Aquela estatueta de barro não tinha valor algum, tanto que nunca ficou escondida ou bem guardada, justamente para ninguém pensar que ela valia alguma coisa. Mas é praticamente impossível que alguém saiba de alguma coisa. O rastro ficou para trás há centenas de anos.

- Não parece ser tão impossível assim. Pareceu-me que alguém sabe. E pelo fato de ter matado uma pessoa para obter a estátua é o tipo de pessoa que não deveria, mas que sabe o que ela pode oferecer. E isso é assustador.

- Muito bem. Vou avisar a Demetrides.

- Hum! Tão perto da festa de aniversário da filha de Geldar. Isso também é significativo. Aproveitarei a viagem e conversarei com ele. Talvez saiba de algo.

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