Capítulo SETE
Duryn
Acorda dorminhoca. Hoje é seu dia. – disse Nínive pulando em cima de sua
irmã que não pode fazer nada a não ser acordar.
- Mas veja que tem uma pessoinha muito animada hoje, mais até que a
aniversariante!
- Você sabe que adoro festas e hoje será uma festa maior, com muitos
convidados e estou curiosa para conhecer seus pretendentes.
- Hummm. Acho que está mais do que eu. Para falar a verdade não estou
tão curiosa assim. Vai que seja tudo feio, barrigudo e careca? – caçoou de sua
irmã menor, puxando-a para mais próximo e dando um beijo em sua bochecha.
- Ah, vai amarrotar a roupa e desarrumar o cabelo. – resmungou Nínive.
- Foi você quem começou, agora agüente. Onde está o papai?
- conversando com o velho do Avalon. Vendo os últimos preparativos. O
que falta, o que não falta. Essas coisas. – respondeu se ajeitando, a roupa e o
cabelo. Não estava usando a tiara. Como era dia de festa usaria uma outra. Toda
de cristais brancos.
- Você sabe que o Avalon não gosta que o chamem de velho... Acho que ele
não sabe o que significa um cabelo branco, mas mesmo assim convém não pegar no
velho dele, ok? Ele é vaidoso.
- Eu sei. Eu gosto dele. Mas às vezes ele é um bocado chato. – respondeu
a menina.
- Certo. Deixe-me levantar e me vestir. Agora vá, podem estar precisando
de sua ajuda na cozinha.
- Ih, toda a vez que vou lá acabo mais atrapalhando do que ajudando. E a
Nora fica me dando gostosuras para comer.
- A Nora te estraga. Ainda bem que você não engorda. Senão, imagine como
iria dançar hoje.
- É mesmo. – e saiu saltitante se dirigindo para a cozinha.
Alexia ficou observando sua irmã mais nova. Era tão linda, nova e
esperta. Nínive era capaz de brigar com o seu pai para não ter que escolher o
futuro marido em uma festa e sim escolher por ela mesma. Era bem capaz disso.
Alexia tinha outra noção. Crescera com a obrigação de irmã mais velha, em uma
vaga tentativa de substituir a mãe falecida. E era um farol no horizonte da
menina. Para tudo era Alexia que Nínive procurava. Se ela se machucava procurava
a irmã. Se queria um brinquedo, ou uma roupa nova, procurava a irmã. Até para
fofocar. Ela já tentara fazer com que sua irmãzinha deixasse de falar da vida
dos outros, mas provavelmente a vida palaciana não era assim tão divertida e
falar dos outros era uma forma de ela se divertir.
Esperava que se um dia tivesse uma filha que fosse igualzinha à sua
irmã.
Por fim levantou-se e foi para o banheiro. O seu banho já estava
preparado pelas criadas e estava com a água morna. Tirou sua roupa de dormir e
entrou na banheira. Ela tinha o corpo lindo, cintura fina e bem torneada com os
seios belos e firmes e era esbelta. Estava completando 21 anos, e estava em sua
plenitude. Em pouco tempo estava relaxada. Esquecida de tudo o que tinha que
fazer. Do dia. Em sua escolha. SE fizesse a escolha. Era mais provável que não.
Mas seu pai iria esperar uma resposta. E os pais das outras casas reais. E os
candidatos, claro.
Por ora não queria pensar nisso, apenas curtir o banho e relaxar.
Uma hora depois já estava pronta, com um vestido simples e uma pequena
tiara nos cabelos que estavam livres, sem trança, e balançavam belos ao vento.
E saiu para encontrar-se com seu pai.
- Bom dia minha filha. Como está hoje, neste dia especial? – perguntou o
Rei Geldar.
- Estou bem, meu pai. Um pouco ansiosa. Afinal não é todo dia que temos
que escolher com quem vamos casar. – respondeu fazendo uma careta no final.
- Eu sei filha. Tradições da Casa Duryn. E das outras também.
- E se não tivessem filhas, nenhuma das casas? Como seria? Ou então tudo
homem? – perguntou curiosa.
- Ótima pergunta filha, creio que acharíamos uma forma, mas essa é
apenas uma festa para apresentação de pretendentes. A maioria não espera que
você escolha alguém. Eu que fui ligeiro e já deixei sua mãe apaixonada quando
ela foi apresentada. – disse rindo.
- Eu sei. Já contou essa história milhares de vezes... Mas eu amo. Uma
linda história de amor.
E como lembrança desse casamento real o Rei Geldar usava ainda sua
aliança, junto com um anel com uma gema azul. Azul era a cor do reino e a gema
representava o reino. Não havia cetro. O que representava que ele era da
família real era o anel com a gema azul. Suas filhas tinham uma versão reduzida
da gema, cada uma. Quando ela era menor ele disse a Alexia que as gemas eram as
representações de cada Casa Real. A azul, Duryn, a amarela representava a Casa
Real de Petry, a verde representava a Casal Real Arduyns, a cor preta era da
Casa Real Durant e a vermelha pertencia à Casa Real Travis.
Segundo seu pai, as tradições orais antigas diziam que essas cores
representavam as cores das gemas originais que ficavam no Cetro do Poder. Com o
sumiço das gemas do poder os remanescentes das Casas Reais providenciaram cada
um uma gema para colocar em seus anéis e que representariam as suas casa. E era
por isso que o seu vestido especial do aniversário seria da cor azul, dizia
ele.
E toda a decoração do Salão de Festas estava sendo colocada na cor azul.
Grandes bandeiras, faixas, e as toalhas das mesas.
- Avalon me disse que já está praticamente tudo pronto. Faltam alguns
ajustes e aguardar os convidados chegarem. Deverão vir grandes comitivas. O
castelo é grande, cheio de quartos. Poderemos acomodar todos durante estes dois
dias. Hoje o baile e amanhã apenas pequenas festividades, incluindo uma caça
envolvendo todos os nobres. E lutas com espadas sem fio e ponta.
- Então tomara que seja tudo muito interessante.
- Será minha filha. Será. E durante todo o tempo Alex fará a sua
segurança. Será a sua sombra para todos os lugares.
- Precisava mesmo pai? – perguntou apreensiva.
- Sim filha, você é a princesa, tem que ter proteção e tenho certeza que
lhe proporcionei a melhor que poderia arrumar.
- Eu sei. O Alex provavelmente é o melhor guerreiro que o senhor pode
ter na Guarda. Acredito que só o pai dele é mais forte e experiente.
- E tenho certeza que o substituirá à altura, quando for a hora. Assim
como você me substituirá um dia.
- Ah, pai, isso ainda vai demorar. – e deu um abraço apertado.
- Eu espero mesmo. – disse rindo. Quero ver minhas filhas casadas e
felizes. – também abraçando forte a sua filha.
-x-x-
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