Resenha crítica da série DEMOLIDOR

Resenha crítica da série DEMOLIDOR

O que acontece quando você é fã de quadrinhos de super-heróis e vive em um tempo que filmes no cinema fazem sucessos com super-heróis? Seu sonho de criança se transformando em realidade. Seus heróis transformados em personagens reais (tá, quase reais). Superman, X-men, Homem-Aranha, Capitão América, Batman, Homem de Ferro, Hulk, Guardiões da Galáxia, e muitos outros. Mesmo que alguns não tenham tido muito sucesso e o filme foi um fiasco tanto em bilheteria quanto em qualidade no roteiro ainda assim é possível crer que ainda veremos filmes de heróis por muito tempo.

Há alguns anos um dos meus heróis favoritos foi levado às telonas e até gostei do resultado, apesar da crítica negativa. O uniforme ficou bem fiel e a história também, o que não poderia ser diferente. Demolidor, o Homem sem Medo. Os direitos do personagem não pertencia à Marvel (a história é longa – durante algum tempo a Marvel passou por uma profunda crise e para sobreviver teve que vender os direitos de alguns personagens para as grandes empresas cinematográficas – fico imaginando se tivesse tudo na Marvel, a maravilha que ia ser).

Demolidor - longa com Ben Afleck

Acontece que Demolidor voltou à Casa das Ideais e novamente pensaram em relançar o personagem, só que desta vez na telinha e não no cinema. Uma ótima ideia, principalmente quando anunciaram que ele não viria sozinho. Com um acordo realizado com a NETFLIX o demolidor se juntaria a outros personagens urbanos e criariam os Defensores. Mais um grupo que sairia das páginas dos quadrinhos para as telas. Junto a demolidor virão Luke Cage, Jéssica e (maravilha, outro dos meus personagens favoritos) o Punhos de Ferro. No futuro imagino Shang Shi, Manto e Adaga e o Cavaleiro da Lua.

Os Defensores

Pelo contrato com a NETFLIX, cada personagem terá uma temporada de 13 episódios, e ao fim de cada um será feito a temporada do grupo. As filmagens são feitas de uma só vez e os episódios disponibilizados todos de uma tacada só. Melhor que isso só se a série for ótima!

E não é que a série é EXCELENTE?!

Para aqueles que queriam uma série mais sombria, mais séria, mais noturna, mais cinza... eis Demolidor da NETFLIX.

Diferente do filme, essa série se baseia no início da carreira de Matt Murdock como advogado e vigilante noturno. Tanto que ele não usa o conhecido uniforme vermelho de demônio e sim uma roupa preta com uma máscara preta que cobre praticamente o rosto inteiro.

Matt Murdock como o vigilante noturno mascarado

Flashes de sua vida vão acontecendo à medida que a história vai se desenvolvendo e assim sabemos como tudo aconteceu, como ficou cego e o triste fim de seu pai, Jack Murdock, o Batalhador (nas HQs ele é conhecido como Jack, o Demolidor, Murdock – daí o nome do herói, em homenagem ao pai). Ao longo da série vemos também o seu treinamento com o seu mentor Stick, também cego.

Mas é nos relacionamentos entre os personagens que está o melhor da série. Principalmente entre Matt e Foggy, seu colega de faculdade e sócio no escritório de advocacia. Uma parceria real e sincera, que em algum momento no final da temporada estremece, mas permanece firme. Outra personagem muito forte da cronologia do Demolidor é Karen Paige, salva pelo vigilante mascarado e que passa a trabalhar no escritório. (Nas HQs eles tiveram um romance).

Como um vigilante e que sempre está envolvido em uma briga (bem reais e sem muita firula dentro da realidade da série), Matt acaba se machucando e é Claire, uma enfermeira, que o ajuda, principalmente costurando os ferimentos dele. Esse relacionamento também vai ficando mais intenso à medida que a série vai se desenvolvendo. Uma coisa boa é que Matt, como vigilante noturno não tem crise de consciência ao descer o sarrafo nos criminosos. Só um personagem faz o nosso herói ficar na dúvida sobre o que fazer. Há um determinado ponto que ele até pensa mesmo em matar.

Agora, a cereja do bolo, é sem dúvida nenhuma o grande vilão. Grande mesmo, porque nós sabemos que nas HQs Wilson Fisk (O Rei do Crime) é beeeeeeem grande. E na série não seria diferente. Careca e enorme, Wilson Fisk é realmente um vilão à altura do herói. Inicialmente agindo na surdina, ele vai dominando Hell’s Kitchen e tirando do caminho todo aquele que se torna uma pedra em seu sapato. Aparentemente calmo, quando ele perde o controle se torna um oponente frio e sem misericórdia.

Apenas duas pessoas conseguem, digamos, controlar essa máquina: Wesley, seu braço direito e amigo e Vanessa, uma curadora que ele conquista e se torna o grande amor de sua vida (outro ponto a favor da série – pois esse amor é uma das poucas coisas que nos quadrinhos fazia o personagem ficar mais calmo ou mais furioso).

Os personagens foram muito bem desenvolvidos. Até mesmo o padre que nas histórias em quadrinhos se torna o confessor de Matt. Ele tem sempre uma participação importante.

Os episódios foram muito bem feitos e o desenvolvimento foi semelhante a uma grande HQ, em um crescendo, com um final esperado, claro, afinal é uma história de herói. E o que é o final esperado? O surgimento, não de um vigilante, mas de um herói que protege o povo de Nova Iorque, principalmente os moradores do bairro Hell’s Kitchen.

Se acompanhou as notícias, vídeos e comentários por aí à fora, sabe que é no final que vemos aquilo que acompanhamos a temporada inteira: o Demolidor de uniforme!

Para aqueles que amam os quadrinhos e agora os heróis em carne e osso, recomendo. A série é ótima e terá uma segunda temporada. Já foram anunciados dois personagens que todos conhecemos muito bem e que fazem parte do universo do herói: O Justiceiro e elektra. Resta aguardar e ver como serão apresentados.

Antonio Henrique Fernandes

Capitão deste Navio Errante