quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O REINO DO CETRO - Capítulo doze - Duryn

Capítulo doze
Duryn




Quando a música tocou anunciando a chegada da Princesa Alexia, todos os convidados olharam para a escadaria lindamente ornamentada com as cores do símbolo da casa, e um tapete vermelho que ia do topo até o trono de Geldar.

Um clarim foi tocado e o arauto anunciou o Rei Geldar acompanhado da Princesa Alexia, herdeira do Reino de Duryn, exatamente no momento em que ambos apareceram no topo da escadaria. Quando começaram a descer, os convidados se levantaram e aplaudiram a princesa, que se não fosse o pai, nervosa como estava, provavelmente não teria conseguido descer a escadaria sozinha. Discretamente ela olhou para trás um pouco, buscando o olhar de Alex, seu protetor durante todo o período. Ele parecia uma estatua de ferro, totalmente concentrado em sua missão, no entanto, percebeu o olhar de Alexia e sem mexer o rosto mandou através de seus olhos que estava tudo bem.

Alexia se voltou então para o imenso salão e para todos os convidados. O local estava cheio, ninguém havia faltado. Com certeza era uma festa que ninguém perderia por nada.

Os jovens que seriam os pretendentes no momento em que a viram, linda descendo a escadaria com o pai, engoliram em seco. Aquele que conseguisse desposá-la seria muito feliz, além de rico e poderoso.

Atrás do Rei Geldar e da Princesa Alexia vinha a Princesa Nínive, toda serelepe, sorrindo para todo mundo. Usava um vestido de uma tonalidade clara, com uma tiara de diamantes na cabeça. Seu cabelo castanho estava em tranças com estrelinhas em todo o cabelo. Usava luvas da mesma cor do vestido e vinha ao lado de Alex. Um pouco mais atrás vinha Santo, que fechava a comitiva real.

O Rei estava muito orgulhoso de suas filhas, e sorria fácil também. Conduziu sua filha até ao trono onde ambos se sentaram, enquanto as casas reais começaram a se preparar para fazer uma fila até o trono. Hora de apresentar os filhos, pretensos candidatos a esposo de Alexia.

Alex ficou ao lado da princesa e Santo ficou posicionado ao lado do rei, era assim que deveriam ficar, sempre, pois era a guarda pessoal da realeza.

Alexia se sentou e colocou a mão direta sob a mão esquerda de seu pai, que estava sentado no trono ao lado. E assim ambos ficaram quando a primeira Casa Real veio apresentar o filho.

O arauto anunciou: - Casa Real de Travis com Lorde Linus Travis, Sua esposa Sasha e o Filho Mir.

Mir se aproximou, beijou a mão esquerda de Alexia, fez uma mesura para o Rei e outra para Alexia, se apresentando.

- Eu me lembro de você – disse ela e sorriu. Mir era um cavalheiro, nunca foi soldado, era inteligente e gostava de ler. E ainda era escritor, com várias obras publicadas no reino. Alexia, inclusive já tinha lido um livro dele. Tinha talento. Não era muito alto, os cabelos eram curtos e ralos. Tinha um bom porte físico, mesmo para quem não fazia qualquer tipo de exercício, exceto o mental.

Mir sorriu em devolução e juntamente com seus pais foram se sentar à sua mesa. A próxima Casa Real a ser anunciada foi a Casa Real Arduyns.

- Lorde Andrus Arduyns, sua esposa Tanya e seu filho Serge. – anunciou o arauto.

Serge se aproximou e assim como Mir, beijou a mão esquerda de Alexia e fez a mesma mesura para o rei e para ela.

Diferentemente de Mir, que Alexia se lembrava e conhecia, Serge mesmo sendo um primo em segundo grau seu era quase que um estranho. Pelo pouco que tiveram contato ele sempre pareceu um rapaz arrogante e dissimulado. Ou poderia ser apenas impressão de Alexia. O rapaz era um adolescente na época e agora se apresentava com um adulto interessante, bonito, alto, musculoso e muito inteligente. Além disso, era um exímio esgrimista. Serge era a aposta de muitos como o seu escolhido.

Após a sua apresentação, Serge e família foram para a sua mesa, enquanto era anunciada a próxima casa.

- Lorde Georgius Petry, sua esposa Ona e Filho Andor.

Como os demais, após se aproximarem, Andor chegou perto da princesa, beijou sua mão esquerda e cumprimentou o rei. Pelo que Alexia conhecia de Andor, ele era inteligente, mas um pouco arisco, ninguém realmente sabia quais suas intenções ou pretensões, não era soldado e nem lidava com artes, mas era alto e bonito, com o corpo esbelto. Os olhos eram de uma pessoa muito esperta, brilhava com uma intensidade que Alexia não viu em mais ninguém.

Enquanto isso, Alex via tudo isso com o coração arrebentando. Por fora era uma fortaleza, quase não me mexia, graças ao seu treinamento militar, mas por dentro queria pegar Alexia e tirar dali, daquela encenação toda. Como ela poderia escolher alguém que não amava, e a pessoa que ela gostava não poderia se apresentar? O Rei gostava de Alex, mas sempre o via como o filho de Santo, seu Capitão da Guarda.

Nínive estava sentada ao lado do pai, em um trono feito para o tamanho dela, feliz da vida com toda aquela agitação e se divertindo com aquelas famílias apresentando seus filhos varões candidatos a ser marido de Alexia. Ela deu uma olhada e viu que uma das famílias tinha uma criança da mesma idade que ela. – “Oba, alguém para agitar comigo, não ficarei sozinha.” – pensou ela. Aparentemente Nínive e Geldar eram os que estavam se divertindo. Já Alex e Alexia só queriam sumir dali.

Convidados estavam deliciados com tudo, pois fazia muito que não viam a tradição ser seguida. E estavam aproveitando cada momento. Era realmente uma festa grandiosa e nada foi esquecido. Havia comida e bebida à vontade. Essa era a primeira parte da festa, a apresentação da aniversariante e dos filhos das Casas Reais. A segunda parte era o baile. Ela dançaria primeiro com o seu pai e depois com cada um dos jovens que foram apresentados.

Um a um os pretendentes foram sendo apresentados, até que chegou a ultima casa, logo anunciada pelo arauto:

- Lorde Adolphus Durant, sua esposa Mira e seu filho Jon.

Jon fez exatamente como os demais jovens. Aproximou-se e pegou a mão de Alexia e a beijou, depois cumprimentou o Rei e saiu, com seus pais, a voltar para a mesa onde estavam.

Jon era o que chamava menos atenção entre os pretendentes. Era baixo, magro e cabelos curtos. Era bonito sim, mas não impressionava. E para completar era muito tímido. Sua inteligência acabava sendo a sua principal característica.

O ponto principal da festa agora era o baile. Todos se projetaram para o imenso salão e aguardaram a aniversariante chegar com seu pai. Atrás vinha Nínive e Alex, sempre por perto.

Pai e filha foram para o centro do salão e assim que a música começou a tocar iniciaram o baile. Ambos dançavam com graça e harmonia. Era um par perfeito. E os convidados não perdiam nenhum detalhe da dança. Inclusive cochichavam dizendo que a princesa dançava muito bem e se perguntavam quem seria o eleito.

- Então minha filha, o que achou de seus pretendentes? Algum conseguiu chamar a atenção? – perguntou um pouco ansioso o Rei.

Ela olhou para ele, sorriu, tentando não perder o compasso da dança e respondeu:

- Pai, eu sei que o senhor quer o melhor para mim, e agradeço muito. O amo mais do que tudo nessa vida. Mas não me pergunte isso hoje. Todos eles são nobres e estão preparados para substituírem seus pais em suas casas e serem sempre aliados do rei. Independente do que acontecer.

- Isso significa que não tem nenhuma escolha?

- Significa apenas que vou precisar de mais tempo. Afinal, é uma escolha para o resto da minha vida não acha? – e deu um sorriso que o pai não conseguiu distinguir se tinha alguma coisa feliz ou triste nele.

- Sim. Desculpe-me por perguntar isso agora. É apenas a tradição de Duryn. Mas não vou lhe perturbar mais, só quero que aproveite sua festa. E como lhe falei, não precisa ser agora... É apenas um primeiro contato.

E assim voltaram a se concentrar na dança, que era completamente vigiada por Alex. O rapaz não conseguia tirar os olhos de sua amada, que estava radiante, parecia um sol, sempre pronto a iluminar sua vida. E assim estava quando foi cutucado por uma pessoinha que estava ao seu lado.

- Sim Princesa, eu posso ajudar em alguma coisa? – perguntou à Nínive.

- Sim Alex, eu quero que dance comigo.

- Eu?! Mas eu sou um soldado. E minha missão é ficar de olho em sua irmã. Literalmente. – disse sorrindo.

- Eu Sei... Até demais. – e deu uma piscadela cúmplice e logo em seguida uma risada que derretia a qualquer um.

- Muito bem, então. Vamos dançar Princesa. – e pegou a mão de Nínive, levando para o salão e começando a dançar com ela, que apesar de sua pequena estatura dançava com graça e desenvoltura.

E assim, com esse gesto, as outras pessoas que estavam no baile começaram a dançar também e de repente o salão ficou cheio.

Entre um rodopio e outro, os olhares de Alexia e Alex se cruzavam e diziam sem palavras o quanto queriam estar juntos.

No intervalo de uma música para a outra o Rei Geldar deixou Alexia e a entregou para o primeiro pretendente, Mir.

Mir dançava muito bem e formavam um belo par, e enquanto dançavam Alexia perguntou pelas obras já publicadas pelo rapaz, que gentilmente foi listando uma a uma, citando e comentando cada uma delas. Alexia gostava de ler o que Mir escrevia e não ficou entediada com a conversa dele, pelo contrário. Gostava muito. De longe o rei olhou e secretamente esperava que sua filha o escolhesse. Um bom rapaz, a despeito de nunca ter sido um soldado. Mas era inteligente e seria um ótimo marido e consorte.

O próximo a dançar com a princesa foi Serge, que passou exatamente a impressão que ela tinha do mesmo. Falou muito, mas somente coisas triviais. Fazia desdém de tudo e de todos. Ninguém era bom o suficiente. Mas respeitou a princesa o tempo todo, afinal, eram primos, e a despeito da escolha dela seria sempre um membro da Casa Real de Duryn.

Andor e Jon foram tranqüilos. Nem parecia que estavam ali para serem apresentados, dançaram com a Princesa, conversaram amenidades e não a pressionaram. Aparentemente pensavam que não tinham nenhuma chance em serem escolhidos e assim estavam apenas aproveitando a festa de aniversário da Princesa Alexia.

Quem mais chamou a atenção de Alexia foi Kaius, filho do Governador de Karks. Ele era alto, bonito, jovem, com os músculos muito bem definidos. Um verdadeiro atleta. Porte imponente. Alexia sabia que ele era um espadachim exímio e mortal. Não falava muito, mas era muito educado, talvez por não pertencer exatamente a uma casa real, sabia de sua condição e não tentou conquistá-la. Arriscava a dizer que era um verdadeiro cavalheiro. Usava uma túnica militar preta que o fazia ser o comandante do exército de seu pai, mesmo sendo tão jovem. Havia muitas medalhas em seu peito e Alexia ficou se perguntando como foi que ele, em tão pouca idade, conseguiu tudo aquilo. Realmente estava impressionada.

Depois do baile voltaram ao salão de eventos e se prepararam para a janta, que foi colocada em uma grande mesa e havia criados suficientes para pegar cada prato e levar para as mesas dos convidados. Alexia e seu pai ficaram na cabeceira de uma imensa mesa onde estavam os seus parentes, e os demais membros da realeza de Duryn. Alex não se sentou à mesa. Já tinha jantado e agora estava apenas cumprindo seu papel. Protetor de Alexia. E ainda tinha dois dias à frente. Somente seu treino como soldado o fazia agüentar tudo isso.

Nínive, como solicitado por Alexia passou a ser o centro da festa. Brincava, falava com todos os convidados, corria, chamava a atenção de todos. Isso ajudou a esquecerem um pouco de quem era a festa de aniversário. Ela se juntou com Misha, irmã de Mir e ambas aprontaram muito. Claro que havia outras crianças no salão e Nínive aproveitou cada uma.

Desta forma todos se cansaram e os pais, um a um, foram se retirando para os seus aposentos, para descansar. Não demorou muito e Alexia também se retirou, sendo escoltada por Alex e seu pai. O outro dia prometia ser longo. Era o dia dos jogos e brincadeiras. Só não esperavam que fosse um dia sombrio.


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