quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O REINO DO CETRO - Capítulo quatorze - Duryn

Capítulo quatorze

Duryn


dia seguinte ao baile era dedicado aos jogos e combates justos. E aí participavam todos do reino, entre nobres e o povo da cidade, até o mais simples dos homens podia participar. O prêmio, simbólico, era um beijo da Princesa Alexia. Os jogos eram democráticos, até mulheres podiam participar, se assim quisessem, mas era coisa muito rara. As mulheres que faziam parte do corpo de soldados do reino inteiro eram muito poucas.

Pela manhã os nobres do reino e das casas participaram de uma caçada ao porco selvagem da Floresta Escura, uma façanha que poucos conseguiram. Primeiro soltaram os Caçadores, os animais que seriam usados para farejar e localizar os porcos selvagens. Esses animais eram perfeitos para isso. Quando conseguiam localizar sua presa não largavam mais, e ficavam segurando até chegar o verdadeiro caçador que tratava de eliminar o animal, e neste caso seria o grande Porco Selvagem da Floresta Escura.

A Floresta Escura era alvo de muitas histórias entre os camponeses. Era uma floresta densa que rodeava o Castelo de Duryn. E justamente por ser densa, praticamente não entrava a luz do sol e quem se aventurava em seu interior poderia encontrar muitos perigos, não só um porco selvagem. Era pouco freqüentada e os viajantes preferiam dar uma volta pela floresta, perdendo um bom tempo assim, do que enfrentá-la.

- Veja Lorde Travis, os nossos animais já estão em alguma perseguição. Veja como estão atiçados. – disse o Rei Geldar para o seu amigo lorde, apontando para os Caçadores correndo loucamente.

- Verdade, Senhor. Acredito que logo teremos um em nossas mãos. – afirmou positivamente o lorde.

Juntamente com o Rei Geldar e Lorde Travis estavam os demais lordes, Durant, Petry e Arduyns, e dos filhos apenas Serge e Andor que tinham um grande manejo com cavalos e espadas. E ambos estavam muito excitados, pois era a primeira vez que faziam uma caçada real, na presença do Rei e queriam fazer bonito. Kaius, filho do Governador de Karks também fazia parte da comitiva, mas era mais taciturno e mal falava com os demais.

Alex e Santo não faziam parte do grupo que estava caçando o porco. Alex estava em sua missão de proteger a Princesa Alexia, que naquele momento estava olhando para um grupo de malabaristas ótimos que faziam muitas façanhas utilizando qualquer tipo de material para entreter as pessoas. Ela estava adorando e aplaudia muito quando eles faziam algum malabarismo considerando impossível.

Nínive estava ao lado e o tempo todo ficava puxando a capa de Alex. Até que ele anuiu e se abaixou, ficando quase do mesmo tamanho da menina. Ele era bem alto e mesmo agachado ainda ficava mais alto que ela.

- Então? Está se divertindo Princesa? – perguntou ele.

- Muito, fico imaginando quando for a minha hora e terei tudo isso para mim. - Ela dizia aplaudindo e fazendo vivas para os artistas, igual sua irmã. – Alexia parece que está se divertindo agora também. Parece que esqueceu que vai ter que escolher um marido.

E Alex imediatamente fechou a cara quando ouviu isso. Ele também não queria lembrar-se desse fato. Mas logo fez graça com a pequena princesa.

- Talvez a princesa mude de idéia quando tiver a mesma idade. E já pensou se forem tudo feio e barrigudo? – riu.

- Nããããão!! De jeito nenhum. – disse fazendo careta. – Espero que sejam todos como você Alex.

- Fico lisonjeado, pequenina. – e se levantou e ficou olhando para seu amor, rindo e se divertindo. Afinal era sua festa de aniversário e queria aproveitar tudo o que podia.

Alex olhou para uma turma distante e viu seu pai que iria comandar as lutas justas, estava verificando cada espada para ver se não tinham fio e nem ponta. Seria divertido. E só não sabia se seu pai iria participar. Era um duelista de primeira e conheceu pouquíssimos soldados que poderiam vencê-lo em um duelo de espadas. À tarde seriam os duelos. Logo depois do grande almoço, que esperavam ter caso conseguissem caçar um porco selvagem. Era claro que teriam mais coisas à mesa, mas era tradição o prato principal ser o animal caçado.

Alex adorava caçar e já tinha se aventurado algumas vezes dentro da Floresta Escura, e ficou bem chateado por não ter participado desta, que era especial. Mas tudo bem, ao menos estava próximo de sua amada. Mesmo que ninguém nunca soubesse.

- Como você está? – perguntou ele à Princesa.

- Feliz. Ontem eu estava apreensiva, quase não aproveitei o baile, mas hoje tudo é diferente, estou junto ao povo e me divertindo. – e era verdade. Seu sorriso amplo não deixava qualquer dúvida.

E ali ela continuou a passear pelo povo, cumprimentando, parando para conversar e aplaudindo os artistas mambembes que se apresentavam. De vez em quando provava de alguma iguaria feita pelas camponesas e Alexia adorava doce. E esses eram os melhores. Alex sempre sendo sua sombra e Nínive seguindo a irmã.

Na Floresta Escura os animais caçadores começaram a urrar e grunhir mais altos; haviam encontrado uma presa. Serge foi o primeiro a chegar ao local e coube a ele lançar a primeira flecha, que acertou em cheio a cabeça do animal, que caiu ao solo, completamente inerte.

Logo em seguida chegaram os demais e a eles só restavam agora dar os parabéns a Serge e levar o que seria o prato principal para a cozinha do castelo.

- Parabéns meu jovem, o animal é um belo espécime, enorme e vai agradar quanto estiver na mesa do almoço. – parabenizou o rei, dando tapinhas nas costas do rapaz, que evidentemente estava muito feliz.

O animal era realmente grande e foi preciso um monte de gente para fazer uma padiola enorme e assim colocá-lo em cima para poder carregar até o castelo. E foram necessários dois cavalos para puxar a padiola. A comitiva seguia lenta, devido ao tamanho do animal e quando chegaram ao castelo todos já estavam sabendo da façanha de Serge que ficou vermelho com tanta adulação. O Rei, que havia ajudado a colocar o porco na padiola estava sujo e subiu para seus aposentos para um banho e logo retornaria para o almoço à grande mesa posta do lado de fora.

Serge só exigiu que cortassem a cabeça do animal e empalhassem. Seria o seu troféu e lembrança desse dia feliz. Ao descer do cavalo foi cumprimentado por dois sujeitos, um parecia um soldado, todo vestido de preto, com cabelos oleosos e lisos presos por um rabo de cavalo e um outro que também tinha o cabelo cumprido, no entanto, a sua roupa era clara e usava uma luva em uma das mãos, fato que até tentão não tinha causado estranheza em ninguém. Ele poderia ter alguma deformidade na mão, e por essa razão estaria usando uma luva, para cobrir.

Alexia também se aproximou e parabenizou o campeão da caça.

- Parabéns, Serge, eu vi o animal que você abateu. Era bem grande.

- Obrigado Princesa. E foi com um tiro único. A flecha atingiu a testa do porco que não teve reação alguma. – disse ele, se gabando de sua proeza.

- Agora vamos esperar se a carne dele é tão saborosa quanto muita gente diz.

- Pode esperar que sim princesa. – afirmou com um sorriso Alex, que estava logo atrás dela.

Serge não sorriu para o filho do capitão da guarda do castelo. Fez uma mesura e se afastou, acompanhado do soldado de preto e do sujeito com a luva em uma das mãos.

O almoço transcorreu tranquilamente, e a carne do porco foi unanimemente aprovada. Estava realmente uma delícia e foi muito bem preparada pelas cozinheiras reais, chefiadas por Nora, que ainda aprontaram muito mais comida para um batalhão de pessoas. Mas, para à mesa, onde estavam o rei, a princesa, e os nobres com seus filhos, foi apenas o melhor. Frios para a entrada e antes do prato principal vieram alguns galetos e aves fritas, com ovos cozidos. Estava tudo muito saboroso. E quando veio o prato principal, em uma imensa tábua de madeira, todos os convivas bateram palmas. Depois do almoço, o rei pessoalmente deu os parabéns à Nora e sua equipe.

Lorde Travis se aproximou do Rei Geldar e pediu uma audiência com ele em seu escritório.

- Tenho um assunto muito importante e que já adiantei ontem que é grave. – disse o lorde.

- Sim, você me falou meu amigo, e infelizmente durante a festa não tivemos tempo para conversar. Mas vamos terminar o almoço e daqui a duas horas estarei em meu escritório. Teremos muito tempo para conversar, pois enquanto isso todo mundo vai acompanhar os combates justos.

- Certo. – disse pegando a taça de vinho e fazendo um aceno para o Rei, tomando o seu conteúdo em seguida.

Depois de um tempo para descanso, todos retornaram para o pátio do Castelo, onde aconteceriam os combates justos, como o rei não estava presente, a aniversariante o representou, pois ele tinha falado a ela que iria ter uma conversa com o Lorde Travis e não queria ser interrompido. Meio a contragosto ela aceitou, afinal, ela não gostava tanto assim de lutas, mesmo que fosse apenas de forma esportiva.

- O que o seu pai disse? – Perguntou-lhe Alex.

- Que iria ter uma audiência com o Lorde Travis e que seria algo importante e por isso não receberia mais ninguém e também não poderia estar presente nos combates. Ao menos em seu início.

- Hum! O que será que é tão importante assim? – resmungou Alex, colocando a mão direita no queixo.

- Querido. – sussurrou a princesa – não pense nisso, afinal você não prefere estar aqui comigo? Ou prefere a companhia de meu pai? – perguntou fazendo uma cara de quem estava sendo preterida e rindo ao mesmo tempo.

- Ah, com certeza prefiro estar aqui. Então vamos que vai já começar, os dois primeiros combatentes estão à postos.

Naquele instante Serge e um soldado da guarda real estavam perfilados frente à frente para o seu primeiro combate.

O sistema de emparceiramento era fácil. Um simples sorteio definia os contendores. E o primeiro combate foi definido com Serge e um dos melhores soldados da Guarda do Rei. Ambos verificaram os seus floretes (que é uma espada mais leve e fina), para confirmar se não tinha fio. Após, voltaram-se um para o outro e após cumprimentar a princesa se cumprimentaram e iniciaram o duelo. A regra também era simples. Aquele que conseguisse um golpe que fosse considerado mortal seria o vencedor. Os juízes estavam de olho em ambos os competidores.

Serge era rápido, mas o soldado não ficava atrás. Depois de um princípio em que se estudaram o soldado tomou a primeira atitude e em um golpe despretensioso conseguiu atingir o braço esquerdo de Serge que reclamou, mas isso não afetava sua mobilidade. A espada estava em sua mão direita. O golpe pareceu ter acordado Serge que desferiu uma série de golpes no soldado, que para se defender teve que abrir a guarda e nesse momento a espada de Serge foi parar no peito do soldado. A luta havia terminado, Serge foi considerando o vencedor.

- Muito bem, Serge. – parabenizou a Princesa Alexia. – Agora vá ver o seu braço, está sangrando, precisa de um tratamento.

- Foi só um acidente. Não deveria ter acontecido, mas aconteceu. Eu estava meio fora da luta e não vi o golpe. Senão teria evitado. – disse Serge.

Quando disse isso o médico do castelo se apresentou e logo remediou o ferimento. Serge viu que estava tudo bem e disse que ia ao seu quarto para trocar de camisa, não iria continuar com aquela suja de sangue. Antes de sair deu uma olhada para o soldado de preto que o acompanhava desejando sorte na sua luta.

Minutos depois, a caminho de seu quarto, encontrou-se por acaso com o Rei Geldar, que estava se dirigindo para o escritório, onde teria a audiência com o Lorde Travis.

- Meu jovem, vejo que está sangrando. Como foi a luta? – perguntou-lhe.

- Foi um pequeno acidente, Alteza, mas já está remediado e vou ali no meu quarto apenas trocar de Roupa. Ah, a propósito, eu venci.

- Meus parabéns. Então vá logo trocar sua camisa e tem que estar preparado para a próximo contenda. – disse o rei, e estendeu a mão no ombro do rapaz.

- Obrigado senhor. – Disse Serge, que abaixou a cabeça e em seguida deu dois tapinhas não mão do Rei, que afinal, era seu parente.

Serge seguiu para seu quarto e o rei para o escritório, onde pretendia conversar com o Lorde Travis.

Ao chegar ao escritório o Rei Geldar já encontrou com o lorde na porta, lhe aguardando. Após os cumprimentos, o rei o convidou para entrar e se acomodaram em duas poltronas, ficando um de frente para o outro. Lorde Travis começou a falar.

- Meu amigo, não tinha tido oportunidade, mas algo muito grave aconteceu no meu castelo.

- Quão grave? – perguntou alarmado o rei.

- A pior possível. Uma certa estatueta de barro, que ninguém daria qualquer valor a ela foi surrupiada da sala de troféus.

- Aquela estatueta? – assombrou-se. – Não é possível. Tem certeza do que está me dizendo?

- Absoluta. Não levaram mais nada. Apenas a estatueta. E ambos sabemos o que escondia aquela estátua.

Nesse momento, meio que sem querer o rei olhou para sua mão, onde tinha um anel que era a marca de sua casa, já que não tinham mais o cetro.

- Não é possível. Não seria apenas coincidência? – disse o rei, ainda em dúvida.

- Eu acho muito difícil. Um soldado foi morto. Ninguém é morto apenas por uma estatueta de barro.

- E tem notícias de alguma outra, se foram localizadas?

- Até agora não. Mas achei que deveria avisá-lo. – disse apreensivo o lorde.

Geldar se levantou, colocou a mão no queixo e ficou dando voltas pelo escritório. Seu semblante era nebuloso. De repente começou a sentir uma falta de ar e se apoio na poltrona onde estava sentado. Os joelhos falharam e ele se sentou na poltrona.

- Geldar?!! O que está acontecendo? Você está bem? – desesperou-se o lorde.

- Não sei. De repente o mundo passou a girar, ajude-me com a roupa. Não estou conseguindo respirar direito.


Os combates foram se sucedendo em várias áreas, pois eram muitos os adversários e assim não duraria muito tempo até ter os finalistas.

Em um dos combates, depois do sorteio, foram colocados frente à frente Santo e o homem de preto que acompanhava Serge. Santo não teve trabalho em seus combates até aquele momento e sabia que o seu adversário seria duro, já tendo o visto em suas lutas. Era mais jovem, tinha técnica e muita habilidade. E era agressivo. Mas para um homem que tinha a experiência ao lado, como Santo, não seria problema em enfrentar um combatente agressivo.

- Pai, tem certeza que quer continuar a lutar? O outro é mais jovem, e o senhor não é mais nenhum menino. – perguntou Alex a Santo, olhando para o homem de preto que tinha os olhos frios como aço. – Não estou com um bom pressentimento.

- Deixa de coisa, filho. Você sabe muito bem que sou apto a enfrentar qualquer espadachim e para me vencer tem que ser muito melhor que eu. E outra. É apenas um esporte. O máximo que vai acontecer é ele me vencer no duelo – apaziguou Santo, segurando o ombro de seu filho.

- Então boa sorte, meu pai. Boa luta. – disse, ainda olhando para o oponente de seu pai. Alex preferia mil vezes estar ali no lugar de Santo. Mas o fato de a luta não ser mortal o tranqüilizou.

Ambos cumprimentaram a princesa e se cumprimentaram. Então a luta começou.


Desesperadamente, Lorde Travis abriu a camisa de Geldar para que este respirasse melhor, no entanto, antes que fizesse qualquer outro tipo de ajuda percebeu que o rei não estava mais respirando. Saiu como um louco da sala, esbarrando em Serge que vinha do seu quarto.

- O que foi que aconteceu? – perguntou Serge, assustado.

- O Rei. O Rei está passando mal. – respondeu rapidamente. – Fique aqui jovem, enquanto vou chamar o médico.

- Certo. – disse Serge, na porta, olhando para o interior e vendo o Rei Geldar na poltrona, desacordado.

E Lorde Travis saiu em desabalada carreira, à procura do médico, que a essa altura estava nos combates justos, no pátio do castelo.


Santo iniciou o combate estudando o adversário, mas este tinha muita habilidade e fazia várias estocadas na direção de Santo e dava pouco espaço para que sofresse um contra-ataque. Toda vez que Santo iniciava um ataque parecia que o homem já conhecia o movimento e tirava, contra-atacando e fazendo com que Santo se esforçasse mais ainda.

Mas, a experiência de Santo começou a fazer alguma diferença, pois fez que com que o seu adversário pensasse que estivesse fraquejando e começou a abrir sua guarda de propósito, até que uma oportunidade surgiu e quando o homem de preto atacou, com um sorriso cínico no rosto, achando que já tinha vencido a luta, Santo simplesmente se desvencilhou facilmente e a ponta de sua espada foi parar no peito do adversário, que abriu os olhos de surpresa, parou de sorrir e viu que tinha perdido. Alex que não perdeu nenhum lance da luta deu um sorriso triunfante. Seu pai ainda era um campeão.
Aquele homem nunca tinha perdido uma luta antes e ficou sem saber o que fazer. Olhou para Santo e para Alex, que vinha parabenizar o pai e simplesmente perdeu a razão. Levantou a espada e foi em direção a Santo.

Alexia, com total assombro viu a ação e gritou para Santo, fazendo com que Alex imediatamente colocasse a mão em sua espada. Mas o aviso veio tarde e quando Santo se virou somente viu uma coisa. Como se estivesse em câmera lenta olhou para baixo e viu que havia uma espada trespassando seu peito.

- Nããããããããoooooo!!! - Alex gritou e pegou o seu pai que estava caindo no chão. Segurou-o antes que tocasse o solo. Santo estava com sangue saindo por um filete na boca e pelo peito. Somente olhou para o seu filho e fechou os olhos, sem nada dizer.

Alex, desesperado, com lágrimas caindo, deitou seu pai e pegou a espada.

- Seu assassino, pode esperar que sua vida agora está por poucos minutos. Faça suas preces aos deuses ou a quem quiser, daqui só sai morto. – bradou Alex, apontando sua espada para o homem de preto, que estranhamente aparentava muita calma.

Alexia estava horrorizada e com as mãos na sua boca. Vendo o seu amado, consternado pela morte do pai apontar uma espada para outro homem e prestes a matá-lo.

Mas, quando Alex ia fazer o primeiro ataque apareceu como um doido o Lorde Travis, gritando pelo médico e todas as atenções agora foram em sua direção.

Quando Alex voltou-se para encarar novamente o homem de preto, este tinha sumido. Com aquela confusão toda em torno do lorde gritando por um médico ele o perdera de vista, e por mais que tentasse não conseguiu mais localizar o assassino de se pai. Voltou-se então para onde estava o corpo estendido de Santo e o pegou em seus braços, levando-o para o seu quarto, onde seria preparado para o funeral de um soldado.

O médico que estava na luta e constatou que nada mais havia a ser feito por Santo perguntou o que estava acontecendo para o lorde.

- O Rei. Sua Alteza está passando mal e precisa de socorro imediato.

- Meu pai? – novamente assustou-se Alexia e sem esperar o médico foi correndo até o escritório do rei. Chegando lá encontrou-se com Serge à porta.

- O que foi que aconteceu? – perguntou desesperada.

- Eu não sei. O lorde saiu daqui correndo e pediu para eu ficar na porta cuidando do rei e quando observei ele estava sentado e desacordado, mas não saí daqui. Até que chegue o médico, e, ora, lá está ele, vamos abrir caminho. – e afastou delicadamente sua prima da porta e deixou o médico entrar.

O médico entrou imediatamente no cômodo, deitou o rei no solo e colocou o ouvido em seu peito e não fez uma cara muito animada. Tentou sentir o pulso dele e novamente fez uma negativa com o rosto. Tentou de várias vezes sentir algum tipo de respiração de Geldar, mas no fim teve que se render. O Rei Geldar estava morto.

Alexia ao saber daquela notícia desfaleceu e caiu nos braços de Alex que tinha deixado seu pai com seus companheiros da guarda e agora estava ao seu lado, amparando-a. Nínive ainda não sabia, pois estava brincando com outras crianças em outra parte do castelo.

Ao ser indagado sobre o que aconteceu Lorde Travis disse que estava dando uma notícia ruim sobre um fato que somente eles sabiam e que talvez isso, aliado ao fato de que era um período de festa em sua vida, por conta do aniversário da princesa Alexia, o coração pode não ter agüentado. E quanto à notícia que dera ao rei, agora seria repassada à Princesa, alçada Rainha, Alexia, pois seria de suma importância que ela soubesse.

Fora um dia negro para os dois jovens. Ambos perderam seus pais, e agora estavam sozinhos. E só tinham um ao outro. E Nínive. E Alex nem ao menos teve tempo de vingar seu pai. O assassino escapou.

O povo do lado de fora havia visto apenas a comoção com relação ao capitão da Guarda Real e ainda não sabia que o seu rei estava morto. Cabia a Alexia, agora, soberana de Duryn, dar a notícia pesarosa.

Quando todos os cuidados com relação ao corpo do rei foram tomados, ela se encaminhou para o parlatório, local onde o rei costumava saudar o povo, juntamente com a família, e dar a triste notícia.

O arauto real anunciou ao povo que seria dado um anúncio. E Alexia se aproximou. O povo estranhou porque normalmente era o rei que se apresentava na sacada do castelo.

- Amado povo. – iniciou Alexia. – É com muita tristeza, ainda chorando, que dou a notícia que o meu pai, o seu rei, está morto.

A comoção do povo foi enorme, ninguém acreditava, afinal ele não era tão velho assim. O que poderia ter acontecido com o rei? Era o que todos se perguntavam.

Naquele momento começaram a saudar Alexia como Rainha de Duryn, o que de fato só aconteceria quando ocorresse a cerimônia de coroação.

- Os funerais começarão amanha e todos poderão chegar perto do rei e o saudá-lo. – disse, finalizando.

Alexia estava duplamente arrasada, pois ao seu lado estava o novo capitão da guarda, seu amado Alex, que, do mesmo jeito que ela, perdera o pai, e de forma mais trágica ainda. Seu primeiro ato, é claro, foi nomear Alex o novo Capitão da Guarda Real, o que seria lógico e era o que todos esperavam desde sempre. Nínive agora sabia do que tinha acontecido com seu pai e estava abraçada a Alexia, chorando muito.

Somente uma coisa não foi notada, evidentemente por conta de toda a situação. Ninguém percebeu que o anel do rei não estava em sua mão.

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