A criatividade na
infância
As crianças de hoje, em sua maioria, não sabem o que é muitas
vezes fabricar o próprio brinquedo. Não que isso seja uma coisa ruim. Pelo
contrário.
Eu tive brinquedos comprados pelo meu pai, lembro de uma
metralhadora, de dois ferroramas que eu e meus irmãos gostávamos demais, uma
corrida de bicicletas à pilha, e dois veículos à pilha que funcionavam com
comandos básicos de seguir em frente, para trás, lado direito e lado esquerdo.
Mas brincar de bolinha de gude, pião e pipa (ou papagaio,
dependendo da região) era muito bom também, fora que havia maior interação
entre as crianças.
Agora, na falta de brinquedos comum a todos os participantes
da brincadeira, porque não criá-los?
Uma das minhas maiores frustrações da minha vida foi um
brinquedo chamado Forte Apache, onde tinha um forte do exército americano
baseado no velho oeste, todo feito de plástico, onde se montava e ainda tinham
bonecos, soldados e índios, montados ou não em cavalos. O fato de um vizinho
meu na época ter um foi a grande motivação para ter um igual (quem nunca?)
No entanto, se não podia tê-lo, por que não fazê-lo?
Foi o que fiz.
Eu tinha alguns bonequinhos, como eu chamava, e juntamente
com meus colegas nós fabricávamos os fortes, simplesmente pegando vários pedaços
de madeira e enfiando no chão, um ao lado do outro, fazendo um grande quadrado,
depois colocávamos umas pranchas que seriam para colocar os bonecos e fazíamos
umas casinhas dentro do forte. Depois era só brincar.
Na areia, fazíamos tuneis e buracos e também brincávamos com
os bonecos...
A criatividade de uma criança nunca pode ser tolhida, por
ninguém. E eu deixo isso livre para minha filha.
Carrinhos? Ora, pegue pedaços de pau, ferrinhos, uma sandália
havaiana e uma lata de óleo de soja e pronto. Temos um carrinho ou até mesmo um
caminhão.
Naquela época a lata era quadrada ou retangular e isso
facilitava abrir e fazer a cabine do caminhão. Transpassava de um lado para o
outro com um pedaço de ferro e colocava-se as rodas feitas pelas havaianas.
Pronto... um caminhão. Só colocar a linha e puxar.
Se a ideia era brincar de bandido e mocinho e não tinha arma
de fogo, ora, uma bela ripa de madeira virava um revólver ou até mesmo um
rifle. Só precisava de um facão e moldar a arma que quisesse. Com cuidado claro,
para não se machucar.
Muita coisa nesse sentido se perdeu com o tempo. Hoje temos
brinquedos eletrônicos, e mal as crianças brincam do lado de fora da casa.
Acredito que essa criatividade na infância mostra muito que
tipo de adulto será no futuro. Se seu filho tem essa criatividade, ajude-o a
fazer o que quiser e brinque junto.
Antonio Henrique
Fernandes
Capitão deste Navio Errante.
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