Guajará Mirim - RO
Quando eu tinha uns quatro ou cinco anos de idade, nós morávamos
no interior do Estado de Rondônia, na cidade fronteiriça de Guajará Mirim, de
onde era só atravessar o Rio Guaporé para chegar à cidade de Guayara Merim –
Bolívia, onde íamos, principalmente no dia da sua Independência, 06 de agosto. Recordo-me
de uma ocasião, que foi antes da cirurgia da minha perna direita (história já
contada no blog, nas crônicas Hospitais e Traumas), mesmo tão pequeno, onde
visitamos a cidade boliviana na época da festa de independência. Era uma festa
muito bonita e ainda deve ser, já que nunca mais eu voltei ali em dias
festivos.
Meu pai trabalhava no Detran, e era o diretor que expedia as
carteiras de habilitação na cidade, e além disse era perito da Polícia Civil, e
junto com o gerente do banco e do prefeito, era também uma espécie de figurão. Vivíamos
muito bem e nas festas de aniversário de qualquer um da casa, sempre tinha
muita festa e bebida. Normalmente as festas ocorriam no quintal, que era
enorme, e embaixo das árvores imensas havia duas mesas com aproximadamente 20
metros de comprimento.
E em um dos meus aniversários, não recordo se foi de três ou
quatro anos, meu pai ganhou uma enorme tartaruga, a qual acabei me afeiçoando,
tratando como se fosse um animal de estimação. No entanto, eu era pequeno e não
sabia, mas a tartaruga era o prato principal da festa do meu aniversário. Posso
até dizer que fiquei traumatizado ao ver o pobre bicho aberto e o povo comendo
de sua carne. Talvez seja por isso que nunca comi sua carne exótica e nem tenho
essa intenção. E só tive um animal de estimação (meu, não da família), que foi
o Duque (história também contada no blog – Crônica Duque), porque ele me
escolheu.
A partir desse evento com a tartaruga, das outras vezes as
festas que tinham algum animal (carneiro, por exemplo) não deixavam mais em
casa e já chegava abatido para a festa. Éramos só eu e meu irmão, e quando
voltamos para a capital minha mãe esperava meu segundo irmão.
Só voltamos a Guajará Mirim, muitos anos depois e somente
para visitar. É um local que divide as emoções, teve coisas boas, mas também
teve coisas ruins que aconteceram na nossa família. E para manter a tradição,
quando retornei da cidade descobri que tinha pego dengue.
Presente de grego!
Antonio Henrique
Fernandes
Capitão deste Navio Errante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por nos enviar uma mensagem!