quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Peraltices x Penalidades

Peraltices x Penalidades.





Quando eu era apenas um garoto, por mais tímido e pequeno eu fosse, isso não impedia de eu praticar algumas peraltices. Sempre fui muito rebelde quando se trata de ordens diretas... meus pais não entendiam que eu ia fazer as minhas obrigações, mas no momento em que eu tivesse vontade.

Claro que esse meu pensamento sempre resultava em uma surra. Assim aprendi a obedecer bem rapidinho. Depois que eu cresci o jogo virou. Normal.

Mas a questão de obedecer era complicada. Meu pai tinha umas revistas adultas e eu devia ter uns 10, 11 anos e sempre pegava essas revistas escondidas. E ele sempre descobria. Resultado? Algumas palmadas nas mãos usando escova de sapato como palmatória. Não achem que era injusto. Eu merecia.

Nessa mesma época a gente morava em um bairro onde a casa ficava bem perto do cemitério, praticamente no centro da cidade. E o muro por trás do cemitério, quase em frente à casa onde morávamos, estava caído. Naturalmente, e como uma criança ativa e peralta, eu ficava o tempo todo dentro do cemitério, pulando de túmulo em túmulo. Brincando com outras crianças eu não tinha medo. E ainda tinham as mangas e uma fruta chamada ingá. Vocês conseguem imaginar o quanto eram gostosas? Talvez o adubo fosse de primeira.

Por conta dessas visitas ao cemitério meu pai tinha proibido de pegar frutas e brincar lá dentro. Não pelo fato de ser um cemitério, mas por dois motivos bem óbvios: o primeiro – eu era pequeno e devia brincar em casa, perto dos olhos atentos dos pais; segundo – o cemitério era um lugar perigoso, tinha muitos viciados e ladrões.

E foi por causa dessas idas ao cemitério que tive a maior surra da minha vida. E antes que crucifiquem meu pai, eu digo logo... EU MERECI. Ele chegou do trabalho e eu, mesmo proibido, estava no cemitério. Ele foi me buscar de cinto, e eu simplesmente fugi. Piorei a situação que já estava ruim. Não queria apanhar, claro, mas ao fugir, a surra que seria algo mais leve, tenho certeza, foi para uma categoria muito alta. Uma surra federal.

Depois, a partir dos 13 anos eu passei a trabalhar e acalmei. Parei de dar trabalho, só estudando e trabalhando, ganhando meu dinheirinho. Mas acreditem, foi um ótimo tempo, que tenho saudades.

Enfim, uma criança saudável e cheio de energia.


Antonio Henrique Fernandes
Capitão deste Navio Errante.



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