quinta-feira, 1 de junho de 2017

LURDINHA

LURDINHA.




Hoje quero falar de uma vizinha e amiga de nome LURDINHA. Do mesmo jeito que eu a vi crescer e se tornar uma mulher muito bonita, ela me viu crescer e me tornar adolescente. Não. Ela não foi meu amor de adolescência. Esse papel coube a outras, inclusive uma irmã dela, de nome Daniela.

Durante sete anos fomos vizinhos de casas coladas uma a outra, e apesar de ela ser um ano mais velha do que eu, tinha mais experiência e lembro com carinho uma viagem que nós fizemos a Brasília e ela foi junto. Foram momentos muito bons.

Este ano completa 28 anos que ela foi vítima de um acidente estúpido, provocado por um criminoso que fugia da polícia. A moto em que ela vinha, não me recordo se era com o namorado, bateu de frente com o carro em fuga e ela foi lançada para longe, batendo com a cabeça no asfalto e sofrendo traumatismo craniano. Morreu instantes depois, no colo da irmã, Daniela, que vinha com o noivo em um carro logo atrás.

Infelizmente, na época, eu e minha família já não éramos mais vizinhos dela e só fiquei sabendo porque, estudando à noite, após a apresentação oficial do alistamento militar fui visitar amigos na escola, no período da manhã. Alguém falou sobre o acidente e sobre a morte dela. Isso me chocou e imediatamente fui na casa dela e confirmei a tragédia. Avisei depois a minha família que compareceu também no velório.

Mas por que estou falando dela?

Porque sempre me lembro dela. Antes de ela morrer havia se mudado para o Acre e estava trabalhando, feliz da vida, e em uma visita que fiz na casa de um amigo, também casa ao lado da dela, Lurdinha me viu e foi correndo me abraçar, e conversamos muito. E lembro que na época, acho que na casa dela ou alguém próximo estava ouvindo uma música do Rick Astley, Never gonna give you up. Foi a última vez que a vi, viva.

Outra música que sempre me faz lembrar de Lurdinha é o Astronauta de Mármore, da banda Nenhum de Nós, que estava o maior sucesso e tocava em todas as rádios. Minha mãe sempre lembra que Lurdinha fazia a faxina da casa ouvindo essa música, no volume máximo.

Procuro não lembrar da Lurdinha de forma triste, em seu velório, mas sim como a menina linda que era, cheia de vida e planos para o futuro.

Tinha apenas 19 anos quando morreu. Mas sempre vive em minhas recordações.


Antonio Henrique Fernandes

Capitão deste Navio Errante.

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